Educação Emocional

RECONHECENDO A IMPORTÂNCIA DAS EMOÇÕES

Vamos começar fazendo autoanálise? Reflita sobre as perguntas abaixo e clique nas respostas que corresponderem à percepção sobre si mesmo(a):

Você se conhece bem?

Sabe quem é e quem quer ser?

Tem consciência das competências que precisam ser potencializadas e quais ainda precisam ser desenvolvidas para chegar lá?

Seus impulsos e reações diante de situações imprevistas são conscientes?

Por que isso é importante?

Independentemente do papel social, cargo ou ocupação profissional, estar consciente de si e aprender sobre emoções é essencial para lidar com a frustração, a velocidade e a complexidade dos desafios do nosso tempo. Transitar de um estado de confusão diante da incerteza e das pressões do dia a dia pode ser difícil enquanto não houver autopercepção e conhecimento de estratégias de manejo do estresse. Essa é uma competência com impactos diretos no bem-estar e também na produtividade, pois, ao favorecer a calma e a clareza mental, reduz as chances de mal-entendidos e retrabalho.

AS COMPETÊNCIAS EMERGENTES

Segundo a Casel (Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning), referência em Educação Emocional e Social no mundo, as habilidades socioemocionais foram divididas em 5 grandes competências emergentes.

TOMADA DE DECISÃO RESPONSÁVEL:

Ser capaz de identificar verdadeiros problemas, analisar, refletir sobre a situação; ter habilidade de resolução de problemas baseando-se em preceitos éticos, morais e com fins construtivos.

AUTOGESTÃO:

Autogerenciamento de comportamentos e emoções a fim de atingir uma meta. Motivação, disciplina e persistência ante desafios.

AUTOCONHECIMENTO:

Reconhecimento das próprias emoções, valores, forças, limitações e autoeficácia.

PERCEPÇÃO SOCIAL:

Cuidado e percepção com outras pessoas, empatia, aceitar sentimentos diferentes do seu, apreciar a diversidade e respeitar o próximo.

HABILIDADES DE RELACIONAMENTO:

Formação de parcerias positivas, pautadas pelo compromisso, cooperação, comunicação efetiva, flexibilidade na negociação de acordos para lidar satisfatoriamente com conflitos, saber pedir e prover ajuda.

Saiba Mais

A OCDE é uma organização internacional que promove políticas para melhorar o bem-estar econômico e social das pessoas em todo o mundo. Na obra Competências para o progresso social, trata especificamente sobre o poder das competências socioemocionais no desenvolvimento sustentável. Confira!

RECONHECENDO A VULNERABILIDADE
E NOMEANDO AS EMOÇÕES

Sentir raiva, medo ou tristeza é saudável e pode ser muito útil. As emoções são as mensageiras de que nossas necessidades estão sendo supridas ou não. Percebê-las é uma oportunidade de aprender sobre si mesmo, compreender o momento e tomar decisões que superem o estado de vulnerabilidade emocional.

Ouça o podcast a seguir para saber mais sobre o assunto:

Baixe a transcrição do podcast para saber mais sobre o assunto: Baixar transcrição.

Saiba Mais

Friedrich Nietzsche, filósofo e escritor alemão, viveu entre 1844 e 1900 e foi uma das mais importantes influências do século XIX. Ele acreditava que realizações de valor na vida vêm da experiência de superação de dificuldades, e que uma existência confortável e indolor não valeria a pena viver.

IDENTIFICANDO AS EMOÇÕES

As emoções podem ser confortáveis ou desconfortáveis, mas sempre acompanhadas de expressões faciais, corporais e fisiológicas. Estão presentes em todos os seres humanos e em alguns primatas. Podem ter gatilhos universais, mas surgem de experiências subjetivas, a partir de estímulos internos (memórias) ou externos (provocações).

O primeiro passo para restabelecer a calma e a clareza mental é perceber e nomear as emoções manifestas. Clique nas setas laterais para exercitar o reconhecimento facial e as emoções que elas expressam.

O primeiro passo para restabelecer a calma e a clareza mental é perceber e nomear as emoções manifestas. Veja a seguir, as emoções e o que elas expressam.

ALEGRIA/FELICIDADE

Características: rugas abaixo dos olhos (pés de galinha), bochechas arqueadas, canto dos lábios suspendidos.

Função: aprofunda conexão e cooperação.

TRISTEZA

Características: pálpebras caídas, assim como os cantos da boca. Olhos sem foco.

Função: necessidade de consolo, conexão e cuidado. Estimula o vínculo diante de uma perda.

RAIVA

Características: sobrancelhas franzidas, olhos brilhantes e lábios cerrados.

Função: luta, remover obstáculos.

DESPREZO

Características: canto da boca e sobrancelha do mesmo lado tensionados.

Função: afirmar superioridade.

AVERSÃO/NOJO/REPULSA

Características: nariz enrugado, lábio superior elevado.

Função: livrar-se do que pode ser venenoso ou danoso.

MEDO

Características: sobrancelhas arqueadas, olhos arregalados, pálpebras inferiores tensionadas, cantos dos lábios esticados em direção às orelhas.

Função: fuga, escapar de uma ameaça.

SURPRESA/ESPANTO

Características: (por um instante): sobrancelhas arqueadas, olhos bem abertos, boca aberta.

Função: focar atenção para identificar algo.

Agora que você já viu as características de algumas microexpressões faciais, mostre que você é craque em identificá-las!

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    PARABÉNS!

    Você assimilou todas as emoções corretamente.

    Saiba Mais

    Paul Ekman foi considerado um dos 100 mais notáveis psicólogos do século XX com seus estudos sobre as emoções e expressões. Contribuiu para a produção do filme Divertidamente e para a série de TV Lie to me.

    O PODER DAS EMOÇÕES

    As emoções são essenciais para o aprendizado, para gerar vínculos e motivar um comportamento. Podem salvar vidas e surgem em resposta à satisfação ou frustração de nossas necessidades, desejos e expectativas.

    As emoções podem gerar problemas quando:

    A demonstração é numa intensidade exagerada

    A duração é prolongada

    É engatilhada em momentos inapropriados

    A expressão é destrutiva, causando danos e prejuízos

    Não há a consciência do que sentimos e de como expressamos

    Quando somos tomados pelas emoções, entramos no chamado período refratário e ficamos sem controle sobre a interpretação das situações e dos nossos comportamentos. Superar esse momento de extrema vulnerabilidade é o principal desafio da Educação Emocional, desenvolvendo habilidades para antecipar, prevenir, encurtar e transformar esse período.

    PERÍODO REFRATÁRIO

    É quando o estresse toma conta das percepções, comprometendo a capacidade de compreender a realidade e tomar uma decisão consciente e responsável.

    Alguns fatores que prolongam os períodos refratários são: falta de sono, álcool e drogas, cansaço, fome e ressentimento.

    Você já parou para refletir como culturalmente os espaços para falar de nossas emoções, especialmente tristeza, raiva e medo, estão reduzidos? Será que criar espaços de confiança para ouvir sem julgar, com acolhimento e empatia, pode ser um antídoto contra respostas emocionais violentas?

    Saiba Mais

    Os documentários A máscara em que você vive e Precisamos falar com os homens dão uma pista sobre como criar espaços seguros de diálogo para expressão das emoções desconfortáveis, sobretudo pelos homens. Fica a dica!


    REGULANDO AS EMOÇÕES

    Identificar os gatilhos emocionais é um importante elemento do autoconhecimento. Mesmo que inconscientemente, todo ser humano está a todo o momento avaliando como está o ambiente interno (pensamentos, emoções e necessidades) e externo (fenômenos e acontecimentos). Quando há um desequilíbrio, com a permanência de mais emoções desconfortáveis do que agradáveis, temos uma resposta emocional de estresse.

    O podcast a seguir fala sobre esses gatilhos. Acompanhe!

    Baixe a transcrição do podcast a seguir, que fala sobre esses gatilhos. Baixar transcrição.

    A ilustração apresenta uma história em quadrinhos. O título é – Empodere-se! Na primeira imagem temos um home e uma mulher, o homem está estressado e a mulher está observando a situação. O texto em tela é: encontrar-se no período refratário e estar vulnerável é tão natural quanto sentir emoções por isso é impossível evitá-lo. Mas é possível encurtá-lo!

    Na segunda imagem a mulher está acolhendo e dando suporte ao amigo, e pergunta para ele se ele sabe o que está sentindo. A orientação que aparece em texto na tela é:

    Uma das formas é fazer uma pausa restauradora.

    É importante realizar atividades que:

    Te afastam temporariamente do elemento estressor.

    Reduzem o estado de vulnerabilidade emocional.

    Te devolvem a clareza mental, a capacidade de analisar e compreender a complexidade das situações.

    Pense em quais atividades te oferecem atividades restauradoras?

    Com o tempo e o exercício, vamos percebendo quais situações são gatilhos de cada emoção e podemos antecipá-lo e até enfraquecê-lo. E ainda, decidir nos engajar ou não na resposta emocional.

    BENEFÍCIOS DA PAUSA RESTAURADORA

    Clique nos ícones para conhecer os benefícios da pausa restauradora:

    Conheça a seguir, os benefícios da pausa restauradora:

    1. 01: Enxergar com mais clareza a complexidade das situações para qualificar a resposta emocional.
    2. 02: Planejar ações positivas e eficazes, atacando as causas raízes do desequilíbrio.
    3. 03: Reduzir a vulnerabilidade emocional nos relembrando de quem somos, nossos talentos, nosso poder, nossa ética, valores e propósitos.
    4. 04: Ser menos suscetíveis aos estímulos externos destrutivos.
    5. 05: Sentir-se mais confiante, seguro e mais capaz de lidar com as adversidades que a vida inevitavelmente irá oferecer.
    6. 06: Ganhar protagonismo em escolhas mais benéficas a longo prazo.

    Como não temos como prever exatamente quando os eventos frustrantes vão ocorrer, muitas vezes, sem tempo para pausas restauradoras, é essencial estar permanentemente consciente de si e criar um calendário regular de atividades que gerem saúde e bem-estar biopsicossocial.

    Dessa forma, caminhamos menos pelos extremos emocionais, mantendo a clareza na interpretação das situações, nossa balança minimamente equilibrada e nossa capacidade de raciocinar e tomar decisões sustentáveis.

    Para Pensar

    Convidamos você a identificar quais as atividades que te geram prazer e bem-estar e podem ser pausas restauradoras, revigorantes da sua capacidade de refletir e tomar decisões acertadas?

    CANALIZANDO A AGRESSIVIDADE E
    DESENVOLVENDO A RESILIÊNCIA

    O processo de consciência, autonomia e regulagem emocional nos orienta pelos seguintes passos.

    O infográfico apresenta seis passos do processo de consciência em que acontecem dor, sofrimento e desequilíbrio emocional. O primeiro passo é reconhecemos o período refratário e nomeamos as emoções desconfortáveis. O segundo passo é quando damos uma pausa resteuradora e nos fortalecemos internamente. O terceiro passo é quando revisitamos a situação, identificando o gatilho, suas causas e efeitos. O quarto passo é quando mapeamos forças e variáveis envolvidas e compreendemos a complexidade da situação. O quinto passo é quando traçamos um plano de ação que repare danos e reduza a possibilidade de novos gatilhos. O sexto passo é quando somos tomados por forças e emoções mobilizadoras. São essas emoções que nos empoderam a “Dar a volta por cima” e Agir porque já não estamos confusos.

    Dessa forma, temos um norte e estamos desafiados a alcançá-lo. Há um entusiasmo, um ânimo para agir (ou não agir, dependendo da análise da situação) com coragem e ousadia. Esse é o sentimento de uma agressividade positiva.

    A seguir, conheça duas diferentes histórias e para cada uma dois possíveis desfechos. Identifique aquele em que o processo da Educação Emocional foi imprescindível para que o conflito tivesse resolução positiva para todos os envolvidos.

    A agressividade pode se tornar uma força destrutiva, que afasta a pessoa do fato que a gerou, paralisante, podendo acumular, crescer e ganhar força de violência.

    Mas, se qualificada pela pausa restauradora, pode ser incorporada intencionalmente como uma força motriz para buscar o que está ausente. Uma disposição a enfrentar obstáculos, lutar e realizar sonhos.

    Ser capaz de realizar esse processamento emocional nada mais é do que desenvolver a competência da resiliência, saindo mais forte e com mais recursos para lidar com as adversidades em um mundo repleto de incertezas e mudanças constantes.

    Para Pensar

    Que tal ressignificar a palavra agressividade, a incorporando como um combustível, uma mola propulsora de mudanças, evolução e progresso?

    A espécie humana dificilmente desenvolverá o poder de não sofrer diante dos problemas e dos conflitos. Porém, especialistas vêm se dedicando ao estudo de como amenizar o sofrimento. Alan Wallace e Shauna Shapiro descobriram que a felicidade genuína não dependente de condições externas, mas é resultado do cultivo de quatro equilíbrios internos: conativo, cognitivo, atencional e emocional. :

    EQUILÍBRIO CONATIVO: Refere-se ao cultivo de uma intenção e uma motivação éticas.

    EQUILÍBRIO ATENCIONAL: Desenvolvimento de uma atenção plena, sustentada e voluntária.

    EQUILÍBRIO COGNITIVO: Estar calmo e vivenciar as experiências da maneira como elas emergem, sem exagerar ou distorcer.

    EQUILÍBRIO EMOCIONAL: Consequência natural do equilíbrio integral, expressa-se por libertar-se da oscilação, da apatia e de emoções prolongadas.

    IMPORTANTE

    O equilíbrio emocional é uma consequência natural dos equilíbrios conativo, atencional e cognitivo. O equilíbrio emocional expressa-se por libertar-se da oscilação emocional excessiva, apatia emocional e emoções sentidas por longos períodos de tempo.


    COMPREENDENDO AS ORIGENS DA VIOLÊNCIA

    Se as emoções são as mensageiras de necessidades atendidas ou não atendidas, o que dizer sobre as emoções das pessoas que têm seus direitos sistematicamente violados?

    Saiba mais sobre a relação entre vulnerabilidade emocional e violência assistindo ao vídeo a seguir:

    Nós, educadores, não temos como resolver o problema estrutural e afetivo de alunos ou equipes, mas podemos ajudá-los a reequilibrar suas “balanças”, retomando a calma e a clareza mental, sendo uma força, um fator de proteção e empoderamento. O convite é que possamos ser estímulo de afetividade com um sorriso, um elogio verdadeiro, um apoio educacional, uma palavra de motivação e encorajamento, criando espaço para a autopercepção, a ampliação da compreensão e o trilhar de novos caminhos.

    Se é uma gota que pode transbordar e engatilhar a violência, pode ser também uma gota que muda todo o cenário da vulnerabilidade e oferece tranquilidade para o bem-estar, o “bem pensar” e o “bem agir”.

    Saiba Mais

    O que são e como desenvolver competências socioemocionais. Acesse o Especial Socioemocionais do Porvir.

    Quer saber mais sobre o assunto? Leia o artigo Educação emocional: um novo paradigma pedagógico?, de Elísio Wedderhoff.

    Considerações Finais

    O primeiro passo para transformar as emoções desconfortáveis em respostas positivas e construtivas é reconhecer e nomear as emoções. Manter um diário de episódios emocionais pode ajudar! Procure estar atento a pelo menos um desequilíbrio emocional a cada dia no momento em que ele está acontecendo.

    Acesse o documento a seguir e veja quais perguntas você pode se fazer para focar sua consciência nos detalhes da experiência. Escreva assim que possível após o episódio.

    DIÁRIO EMOCIONAL

    Referências

    ANTUNES, Celso. Alfabetização emocional – novas estratégias. 12. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

    ARAÚJO, João Roberto. Ensinar a paz - ensaio sobre educação emocional e social. Ribeirão Preto: Inteligência Relacional, 2013.

    ARAÚJO, João Roberto. Educação emocional e social - um diálogo sobre arte, violência e paz. 2. ed. Ribeirão Preto: Inteligência Relacional, 2015.

    CASASSUS, Juan. Fundamentos da educação emocional. Brasília: Unesco, Liber Livro Editora, 2009.

    EKMAN, Paul. A linguagem das emoções. São Paulo: Lua de Papel, 2011.

    GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

    HANH, Thich Nhat. Aprendendo a lidar com a raiva – sabedoria para a paz interior. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

    LAMA, Dalai. A arte de lidar com a raiva – o poder da paciência. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

    STOCKER, Michael; HEGEMAN, Elizabeth. O valor das emoções. São Paulo: Palas Athena, 2002.