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INTRODUÇÃO

Não somos todos humanos? Por que continuar falando em raça?

Se somos todos humanos, por que continuar falando em raça? “Raça” é um conceito inexistente na biologia humana. Apesar de o termo ter caído em desuso há décadas, ele foi utilizado ao longo da história para dividir a espécie humana e definir políticas e ideologias que marcaram e ainda marcam a nossa sociedade. Nesse sentido, a terminologia “raça biológica” não existe, no entanto, entende-se “raça” como um conceito sociológico, histórico e político.

E.QUI.DA.DE

substantivo feminino

  1. Consideração em relação ao direito de cada um independentemente da lei positiva, levando-se em conta o que se considera justo.
  2. Integridade quanto a proceder, opinar, julgar; equanimidade, igualdade, imparcialidade, justiça, retidão.
  3. Disposição para reconhecer imparcialmente o direito de cada um.

(MICHAELIS, 2020)

Indicadores, dados e estatísticas

DESIGUALDADE ECONÔMICA NO BRASIL

Em 2017, 14,83 milhões de brasileiros viviam em situação de extrema pobreza, e 75% dessas pessoas eram negras.

O gráfico apresenta a desigualdade econômica no país. Dos grupos mais afetados pela extrema pobreza no Brasil, 25% são brancos e amarelos, e 75% são negros. O IBGE classifica como em estado de pobreza a população que vive com um rendimento mensal de cerca de R$ 400 – metade de um salário-mínimo – e em estado de extrema pobreza a população que vive com menos de R$ 200 mensais – menos de um quarto do salário-mínimo. O gráfico também informa que, dentro do 1% mais rico da população (ou seja, que possui rendimentos superiores a R$ 55.000,00 mensais – mais de 58 salários-mínimos), 82,2% são brancos e amarelos, e 17,8% são negros.

Também em 2017, 1,2 milhões de brasileiros estavam entre o percentual dos 1% mais ricos da população. Entre esses, apenas 17,8% eram negros.

RENDA MÉDIA

Se somarmos todos os salários e fontes de renda declarados pelos brasileiros no ano de 2017 e dividirmos esse valor pelo número de trabalhadores do país, teremos uma média salarial de R$ 2.112 para cada brasileiro. Porém, se somarmos separadamente a renda de todas as pessoas autodeclaradas negras e a renda de todas as pessoas autodeclaradas brancas, os resultados se alteram. Segundo um relatório da Oxfam, em 2017, o rendimento médio dos negros foi de R$ 1.545,30, enquanto o dos brancos alcançou R$ 2.924,31.

O gráfico compara a média salarial citada: R$ 2.112 para cada brasileiro, sendo que o rendimento médio dos negros foi de R$ 1.545,30, enquanto o dos brancos alcançou R$ 2.924,31. Ou seja, a diferença entre a média do rendimento dos brancos e a média do rendimento dos negros no Brasil é de R$ 1.379.Negros recebem 52,8% do salário médio da população branca;negros recebem 26,8% a menos do que a média nacional. Essa regra se repete em todas as classes sociais.

Em 2017, o rendimento médio brasileiro entre os 50% mais pobres foi de R$ 804,35. Entre os brancos, esse valor sobe para R$ 965,19, enquanto os autodeclarados negros dessa mesma faixa recebem cerca de R$ 658,00.

No levantamento dos grupos que recebem renda menor que a metade da renda média brasileira, os pretos, pardos e indígenas são os mais predominantes.

O gráfico compara a renda média entre os 50% mais pobres, divididos entre pretos, pardos e indígenas, brancos, mulheres e homens.

Desemprego

Agora, se fizermos os mesmos recortes por raça/cor com os dados de emprego, teremos o seguinte gráfico:

O gráfico compara o desemprego entre pretos e pardos (64,2%) e brancos e amarelos (35,8%).

Atualmente, existem cerca de 13,4 milhões de brasileiros desempregados, e 64,2% deles são negros.

Analfabetismo

O Brasil tem pelo menos 11,5 milhões de pessoas com mais de 15 anos sem domínio da leitura e da escrita. Esse número representa 7% da população brasileira, mas essa porcentagem é superior se o recorte for entre pessoas negras ou pardas. Se forem considerados apenas os autodeclarados brancos, a taxa total de analfabetismo é de 4,2%, enquanto entre as pessoas que se declaram negras ou pardas o índice sobe para 9,9%, como é possível observar no gráfico a seguir.

O gráfico compara o analfabetismo no Brasil: 7% da população brasileira é analfabeta, sendo os autodeclarados brancos 4,2%, enquanto que, entre as pessoas que se declaram negras ou pardas, o índice sobe para 9,9%.

ESCOLARIDADE

Mais da metade dos brasileiros não tem diploma de ensino médio. No Brasil, 51% da população de 25 anos ou mais possui apenas o ensino fundamental completo ou equivalente. 22,2% das pessoas brancas possuem diploma de graduação, mas entre as pretas ou pardas essa proporção é de 8,8%. Observe o gráfico a seguir.

O gráfico compara a escolaridade no Brasil, especificado por raça e formação nos anos de 2016 e 2017. Os dados, em 2016, para negros e pardos são: sem instrução e fundamental incompleto ou equivalente 48,9%; fundamental completo e médio incompleto ou equivalente 13,9%; fundamental completo e médio incompleto ou equivalente 28,5%; e superior completo 8,8%. No mesmo ano, os dados para brancos e amarelos são: sem instrução e fundamental incompleto ou equivalente 34,3%; fundamental completo e médio incompleto ou equivalente 12,3%; fundamental completo e médio incompleto ou equivalente 31,2%; e superior completo 22,2%. Já no ano de 2017, os dados para negros e pardos são: sem instrução e fundamental incompleto ou equivalente 47,4%; fundamental completo e médio incompleto ou equivalente 13,8%; fundamental completo e médio incompleto ou equivalente 29,6%; e superior completo 9,3%. Em 2017, os dados para brancos são: sem instrução e fundamental incompleto ou equivalente 33,6%; fundamental completo e médio incompleto ou equivalente 12%; fundamental completo e médio incompleto ou equivalente 31,5%; e superior completo 22,9%.

Violência

Segundo o Atlas da Violência, em 2017, o Brasil registrou um total de 65.602 homicídios. Atualmente, nenhum país registra mais casos de homicídio do que o Brasil, nem mesmo países em contexto de guerra.

A figura ilustra os países mais violentos do mundo. Apenas 6 países possuem taxas de assassinatos, a cada 100 mil habitantes, maiores do que a do Brasil: El Salvador; Honduras; Venezuela; Ilhas Virgens; Jamaica; Lesoto; Belize.

SANEAMENTO BÁSICO

Em 2018, o Brasil tinha cerca de 208,5 milhões de habitantes. 57 milhões de residências não tinham acesso à rede de esgoto, 24 milhões não tinham água encanada e 15 milhões eram desprovidas de coleta de lixo. Observe o gráfico a seguir.

O gráfico ilustra os dados já citados sobre o saneamento no Brasil em 2018: 71,9% dos brancos têm acesso a saneamento básico, enquanto apenas 55,3% dos negros têm acesso a esse tipo de serviço.

Mercado de Trabalho

95% do quadro de liderança das 500 maiores empresas do Brasil é ocupado por pessoas brancas.

O gráfico compara o seguinte dado: 95% do quadro de liderança das 500 maiores empresas do Brasil são ocupados por pessoas brancas. Entre os 5% de negros na liderança, apenas 0,4% se refere a mulheres.

TRABALHO INFANTIL

De acordo com o IBGE, 2,4 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos trabalham no Brasil, e 66,2% dessas crianças são negras.

Para pensar

Falar sobre recorte de raça não é criar rivalidade ou invalidar o fato de que todo o povo brasileiro vive em enorme desigualdade, mas é chamar a atenção para o fato de que melhorar as condições de vida dessa parcela da população significa garantir melhores condições de vida para o povo como um todo.